terça-feira, 22 de julho de 2008

Irritando Fernanda Young recebe Wagner Moura

No próximo domingo, dia 27, o entrevistado do Irritando Fernanda Young é o consagrado ator Wagner Moura. O baiano nasceu em Salvador e cresceu em uma pequena cidade de três ruas chamada Rodelas. O ator conta que a cidade nem existe mais porque foi inundada pela barragem de Itaparica. Essa é a deixa para o ator se declarar contrário a alguns progressos que vão de encontro à ecologia, inclusive a transposição do Rio São Francisco, assunto que ele considera que deveria ser mais discutido pela nossa sociedade.

O ator conta que sempre foi um excelente aluno, aplicado e dedicado, já que o pai fazia questão de que ele e a irmã estudassem em bons colégios e se empenhava para tanto: "Eu me esforçava muito para corresponder ao esforço que meu pai fazia para eu estudar".

Já na primeira interrupção do programa, o convidado se diverte com a paródia que os atores da Olaria GB fazem do filme "Tropa de Elite".

A respeito de sua nova peça, "Hamlet", em que faz justamente o personagem principal, Wagner diz que está sendo um grande desafio interpretar a obra que ele considera a mais complexa e grandiosa de Shakespeare: "Eu não pretendo que meu Hamlet seja algo diferente, até porque eu não vou dar conta dele, é um personagem que é melhor do que qualquer ator. Eu vou mostrar o meu e fazer o máximo para que seja legal. Mas para mim, dentro, para minha vida, internamente, como ator, como artista, como homem, eu acho que é um momento diferente".


Irritando Fernanda Young com Wagner Moura

Domingo, dia 27, à meia-noite.
Horários alternativos: domingos, às 5h30; terças, às 22h; quartas, às 9h30; e sextas, às 11h30

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Depois da consagração em Tropa de Elite, Wagner Moura produz e encarna Hamlet, de Shakespeare. Aqui, ele fala do período melancólico na adolescência, da felicidade de trabalhar entre amigos e da tensão que é ter sua privacidade invadida o tempo todo: 'Eu exijo respeito'

É difícil imaginar que, depois de conquistar o público e a crítica como o Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite, ou como o mau-caráter Olavo na novela Paraíso Tropical, ele ainda sinta um gelinho na barriga diante de um trabalho. Mas, após três anos longe dos palcos, o ator baiano de 31 anos não esconde certo nervosismo por interpretar Hamlet na peça dirigida por Aderbal Freire-Filho. 'Shakespeare representa o que há de melhor. Ninguém sai incólume depois de passar por ele', diz.

Envolvidíssimo com o projeto, Wagner assumiu pela primeira vez a produção executiva de um espetáculo. Colaborou também na tradução do texto (com palavras atuais) e opinou na escolha do elenco. Entre os atores estão dois amigos que contracenaram com ele em Tropa de Elite. Caio Junqueira, o Neto do Bope, encarna Horácio, o confidente do protagonista. Já Fábio Lago, o Baiano, surge na pele de Laertes, filho de Polônio, conselheiro do rei Claúdio. O clima nas coxias é de euforia e descontração. Mas Wagner, que começou fazendo teatro infantil em Salvador, não está para brincadeira.

'Não faço parte do jogo dos que querem aparecer a qualquer preço'

Disciplinado, focado e menos bonito que na TV, ele conta que desde os 14 anos tem loucura pela saga do príncipe dinamarquês que é tomado por vingança após a morte do pai e a coroação do tio. Na adolescência, Wagner tinha uma banda cover do grupo inglês The Cure (um dos mais deprês do mundo). Costuma dizer que era meio freak e melancólico e que o teatro o resgatou.

Entre colegas e conterrâneos, Wagner Moura agora se libera, faz piada e fala com o maior sotaque baiano, normalmente disfarçado nas falas de seus personagens. A ebulição dos bastidores inspirou a jornalista Sandra Delgado, com quem o ator é casado há oito anos e tem um filhinho de 1, o Bem. Entusiasmada com o momento teatral do marido, Sandra está produzindo o documentário Além Hamlet, que terá 40 minutos e será veiculado no canal Multishow. 'Ela registrou nosso processo de criação, nossas tentativas... É como se a gente corresse nu na rua', diz Wagner.

Por que Hamlet? Porque é uma obra que deixa tonto. É a peça mais falada da história. E a mais complexa, mais contraditória. Hamlet é muito profundo. Às vezes, acho que não vou dar conta dele. É como um cavalo selvagem que está correndo. E eu tenho de segurar. A primeira vez que li, era garoto, tinha 14, 15 anos, foi antes de começar a fazer teatro. Morava em Salvador, era um menino que gostava de ler e freqüentava feiras de livro. Comprei uma tradução muito ruim, mesmo assim fiquei impressionado. Depois, comecei a ler outras traduções, li o original e comecei a achar que aquela era a coisa mais incrível que já tinha lido.

Você já declarou que era meio melancólico quando adolescente. E que só começou a fazer amigos e se enturmar com as aulas de teatro... É verdade. Sempre fui fã de uma certa melancolia, acho que ela é necessária na vida. Adoro ouvir The Cure e Ian Curtis, do Joy Division, por exemplo.

É a primeira vez que produz. Como foi a experiência? Em 17 anos de teatro, nunca tinha produzido nada. O prazer de ver o projeto se materializar é algo inédito pra mim. E estou adorando. Mas não estou sozinho, tenho um parceiro, o Sérgio Martins, que é meu brother. Na reta final, não há como ensaiar e ficar na produção. Tive de aprender a delegar.

ocê captou recursos, correu atrás? Foi difícil ser produtor? Acho que tudo soprou muito a favor. Em outubro, a gente teve a idéia. Na semana seguinte, ligamos para o Aderbal, depois fomos para São Paulo. Conseguimos o patrocínio do Bradesco de imediato. Ficamos uma semana correndo atrás, fechamos o teatro e voltamos. Inscrevemos o projeto na lei de incentivos e começamos a ver o elenco. Sempre tive vontade de trabalhar com a Georgiana Góes (atriz que faz a Ofélia na peça), que foi uma das primeiras amigas que fiz aqui no Rio. Fico muito feliz em poder trabalhar com amigos.

Qual é a coisa mais inusitada do espetáculo? Acho que novidade interessante é a tradução, que foi feita pelo Aderbal, por mim e pela Barbara Harrington (professora de inglês americana radicada no Rio de Janeiro). Queríamos fazer um Hamlet que as pessoas entendessem, se emocionassem e saíssem do teatro felizes. Não é um espetáculo hermético nem tem aquele inglês elizabetano transformado para o português arcaico. O barato dele é que a gente fala o português de hoje. Por outro lado, a peça não tem uma cara moderna. Estamos numa floresta e o espectador acredita nisso. No palco, somos seres do século 21, mas ninguém aparece de terno Armani, por exemplo. Nosso Hamlet também não usa collant. (risos)

Mas produzir o documentário Além Hamlet, ao lado de sua mulher, é uma modernidade. Como surgiu essa idéia? Foi idéia dela. Sempre achei que, se algum dia fosse mostrar o processo de criação, só a Sandra poderia registrar. É como se a gente corresse nu na rua. O filme vai mostrar a construção da peça, as coisas que deram certo e as que não deram. A idéia é exibir 40 minutos no canal Multishow e depois montar de outro jeito e lançar no cinema.

Fazer um clássico depois de viver um personagem tão marcante como o Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, foi uma forma de exorcizar o personagem do filme? A minha vontade de fazer Hamlet não tem nada a ver com o Capitão Nascimento. Não tenho problema com isso. Acho o personagem do filme um barato. Legal, popular, que as pessoas gostaram. Queria fazer teatro, no meio disso veio Hamlet. É um momento muito importante na minha carreira. Sem dúvida, fazer esse personagem agora mexe muito comigo.

O que levou você a publicar nos jornais um artigo criticando um segmento da imprensa que se dedica exclusivamente à cobertura das celebridades? Se nós não tomarmos cuidado, em pouquíssimo tempo não haverá mais limite algum nesses programas de tevê que ridicularizam a imagem da pessoa pública. Logo a gente vai ver um ator levando uma paulada na cabeça ao vivo em nome desse sensacionalismo absurdo. Não freqüento a Ilha de Caras, não exponho minha vida pessoal e deixo claro que não faço parte do jogo dos que querem aparecer a qualquer preço. Eu exijo respeito.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Wagner Moura gostaria de fazer um filme na Argentina, cujo cinema é considerado um dos melhores da América Latina e oferece mais chances aos brasileiros de ganhar espaço. O ator confessou essa vontade no Marília Gabriela Entrevista, que vai ao ar no próximo domingo, dia 6, no canal GNT.

- Gostaria muito de falar espanhol e fazer filme na Argentina.

Ele também tem planos de atuar nos Estados Unidos.

- Tenho um agente em Los Angeles (EUA) vendo isso. Falo um bom inglês, mas só vou fazer uma coisa lá se for muito bacana.

Durante a entrevista, o moreno contou qual é sua receita para o sucesso.

- Muito trabalho, ralação, alguma sorte e algum talento.

Marília perguntou a Wagner, consagrado em 2007 por conta do Capitão Nascimento de Tropa de Elite e do Olavo de Paraíso Tropical, se ele se deslumbrou com a fama.

- Não sei se é deslumbramento, mas hoje tento me valorizar mais. Tenho sorte de ser amigo de Lázaro (Ramos), que me situa, e de ter mãe e pai que me deram caráter.

Sabe qual motivo fez com que não assinasse contrato com alguma emissora de TV?

- Eu sou artista livre, um romântico, explicou Wagner, que completou dizendo que é a televisão quem dá a dignidade financeira que o ator merece.

O moreno revelou que fica um ator melhor quando trabalha no teatro.

- Eu fico um ator melhor, um homem mais vivo quando faço teatro. Sinto uma espécie de iluminação que só sinto quando estou com meu filho.

Atualmente, ele está em cartaz com a peça Hamlet.

- Li o texto quando era garoto e adorei. Que profundidade! Mas não imaginei que um dia faria. Hamlet paira no Olavo e em muitos personagens que vivi.

Vida Pessoal

Casado há oito anos, Wagner Moura não poupa elogios à esposa Sandra Delgado.

- Eu amo muito a San. A gente é parceiro, se joga junto. Fico agoniado de falar dela, porque é a pessoa em quem mais confio, que me ama incondicionalmente. É uma entrega de coração muito verdadeira, disse à Marília Gabriela.

Pai de Bem, de quase dois anos, ele se preocupa em como poderá proporcionar ao filho a mesma liberdade que teve nos anos 80, em Rodelas, na Bahia. Wagner também comentou sobre sua adolescência.

- Eu era um garoto melancólico e solitário que chegou para estudar numa escola burguesa da capital. Não me encaixei. Me chamavam de OVNI.