Wagner Moura em cena do filme ''Vips'', de Toniko Melo
A partida do presidente norte-americano Barack Obama, que provocou o fechamento do espaço aéreo no Rio por algumas horas na manhã de segunda-feira (21), teve um efeito também sobre a entrevista coletiva do filme "VIPs", de Toniko Mello, que se desenrolaria em São Paulo. O protagonista do filme, o ator Wagner Moura, não conseguia sair da capital carioca, o que acabou atrasando a coletiva em quase duas horas.
Embora o filme seja uma ficção, baseia-se na vida de uma pessoa real, o estelionatário Marcelo Nascimento da Rocha, atualmente cumprindo pena no presídio de Cuiabá. E Rocha recentemente ameaçou bloquear o lançamento do filme, previsto para sexta-feira (25).
O diretor Mello, no entanto, está tranqüilo: "Os direitos que compramos são do livro ("Vips – Histórias Reais de um Mentiroso", de Mariana Caltabiano). A justiça está aí para isso". Da mesma forma, a produtora do filme, Bel Berlinck, comentou: "Sei lá se ele vai tentar isso ou não. Nós temos um contrato".
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Toniko Melo roda cena de "VIPs", com Wagner Moura
Quando um jornalista indaga o diretor se acha que o filme está "glamourizando o crime", ele discorda: "Será que nós estamos falando mesmo disso no filme, de crime?". E compara: "Seria o mesmo que perguntar a (Francis Ford) Coppola se ele glamourizou a máfia em 'O Poderoso Chefão'. Pode até ser, mas não foi essa a intenção".
Wagner Moura, que aprendeu até a pilotar aviões para viver o personagem – "Tenho condições técnicas para decolar, mas teria que chamar alguém para pousar" -, também não acha que "VIPs" é um filme sobre o crime. "A leitura que eu fiz do roteiro é que ali estava alguém se procurando. É um menino brilhante, esperto, mas talvez não conseguiu canalizar para uma coisa boa", define o ator, que nunca se encontrou pessoalmente com o verdadeiro Marcelo, nome que é mantido no filme.
Falsário e não farsante
Por outro lado, o ator deixa claras suas restrições ao comportamento do personagem, que assumiu a identidade do herdeiro da companhia aérea Gol e outras: "Eu evidentemente tenho um juízo moral sobre um estelionatário. Mas não deixaria de fazer um filme por causa de um julgamento moral. Olha os personagens que eu já fiz. Aqui eu fiz uma opção estética e não moral. Achei que não seria o caso".