domingo, 29 de junho de 2008

divulgação/globo

Depois de se irritar com a turma do Pânico na TV!, agora chegou a vez dos fotógrafos. Wagner Moura barrou a entrada deles na estréia da peça Hamlet, em que interpreta o personagem principal.

Além disso, o ator se recusou a posar para as fotos e ainda chamou uma jornalista de chata, porque ela não sabia o nome do elenco da peça.

sábado, 28 de junho de 2008

Marília Gabriela entrevista Wagner Moura
O ator Wagner Moura é o convidado do "Marília Gabriela Entrevista" deste domingo, dia 6. Com 17 anos de profissão, ele revela sua fórmula de sucesso, fala da peça "Hamlet" – que acaba de estrear – e conta o porquê de não ter um contrato com as emissoras de televisão. Ele ainda relembra a infância em Rodelas – cidade no sertão da Bahia –, e faz declarações de amor à esposa e ao filho. Assuntos polêmicos, como religião e violência, também são debatidos no programa.

"Muito trabalho, ralação, alguma sorte e algum talento". Essa é a receita para o sucesso de Wagner Moura. Sua carreira teve início nos palcos – na peça "A Máquina" (de João Falcão) – e foi estendida à televisão e ao cinema. No futuro, ele cogita a idéia de experimentar a direção teatral.

O ator acaba de estrear em São Paulo a peça "Hamlet", de Shakespeare, da qual é ator e produtor. Ele diz que sempre quis interpretar o personagem: "Li o texto quando era garoto e adorei. Que profundidade! Mas não imaginei que um dia faria".

O polêmico "Tropa de Elite" também entra na pauta. "É um filme importantíssimo, que discute violência e segurança pública. E creio que o primeiro passo para a mudança é a discussão", posiciona-se. Sobre os colegas de profissão, ele não economiza elogios ao falar de Lázaro Ramos, Matheus Natchergaele, Antônio Fagundes e Selton Mello.

Frase do final do programa: "Estar pronto é tudo!"

Marília Gabriela Entrevista
No ar todo domingo, às 22h

Horários Alternativos: segunda, às 3h30; terça, às 22h30; quarta, às 4h e às 10h e sábado, às 10h30 e às 15h

sexta-feira, 27 de junho de 2008

SÃO PAULO - Mais do que qualquer outro texto da dramaturgia universal, Hamlet propõe, em sua inesgotável possibilidade de análise e interpretação, múltiplas encenações que redimensionam a poética de Shakespeare. O jovem Hamlet, angustiado, cínico, cheio de dúvidas, arquiteto de uma vingança que se desconstrói na certeza da verdade, se transmuta a cada versão, levado a paroxismos de imagens e a espectros de matizes, sustentando-se na permanente consciência de que "nosso tempo (qualquer tempo) está fora do eixo". É alguém que reflete a complexidade do ser humano, na exaltação dos sentimentos ou na miséria da existência.

A montagem de Aderbal Freire-Filho, que estreou há uma semana no Teatro Faap e que deve vir ao Rio no início de 2009, não pretende inovar ou trazer qualquer provocação para a caminhada de Hamlet até o esgotamento da verdade e da certeza de que "o resto é silêncio". Mas se mostra sintonizada com um certo impulso brasileiro para a representação, desbastando qualquer tom solene e lançando luminosidade por entre as frestas sombrias da tragédia. A começar pela tradução, de Wagner Moura, Bárbara Harrington e Aderbal, que encontra sonoridade "coloquial" sem perder o vigor poético e a fluência métrica. O palco se desvenda aos olhos da platéia, que, diante do cenário-coxia-bastidores de Fernando Melo e Costa e Rostand Albuquerque, pode assistir aos atores vestindo os figurinos de Marcelo Pires e captar a atuação por outro meio, a imagem dos atores em um telão. O jogo está a descoberto, as regras e o método estão expostos, como que para confirmar Shakespeare: "O teatro é um espelho da natureza".

Crônica do tempo

O diretor reafirma o teatro como o artifício a que recorre Hamlet para apontar culpados e dar voz a seus fantasmas, confirmando que "os atores são a crônica de seu tempo". As dúvidas, as hesitações, a vingança e o trágico cedem lugar à construção do teatro de um personagem. A aparente loucura de Hamlet nada mais é do que astúcia, e é na representação desse fingimento que essa versão se delineia. Hamlet é quase um bufão de própria tragédia, histriônica presença entre tantos atores de vidas canastronas, encenando o que precisa revelar. Nesta montagem, até certo ponto "solar", Aderbal se debruça nas entranhas do teatro para trazer um Hamlet revivido na integridade poética e no vigor humano.

O elenco parece afinado mais na composição de um quadro do que na individuação do detalhe. Wagner projeta, como um malabarista de palavras e gestos, a dor do filho que tem o pai assassinado, revestindo a procura do culpado em interpretação astuciosa até a revelação, com uma força interpretativa em que a ironia e a manemolência se combinam para fazer de Hamlet menos melancólico e mais carnal. Uma interpretação rica e fascinante. Tonico Pereira é um Cláudio debochado, numa perspectiva desfocada da realeza culpada. Fábio Lago (Laertes) demonstra bem a "virada" final do personagem. Gillray Coutinho uma vez mais prova, como um Polônio nada previsível, a alta qualidade de ator. Carla Ribas (Gertrudes), Georgiana Góes (Ofélia), Cláudio Mendes (Guildenstern), Marcelo Flores (Rosencrantz), Felipe Koury (Bernardo) e Caio Junqueira (Horácio) reconfirmam, com passionalidade, a perenidade de um texto sempre renovável. A atual é atraente na devoção ao teatro.

domingo, 22 de junho de 2008

O ator Wagner Moura se irritou nesta sexta-feira (20) com cerca de dez fotógrafos que tentavam registrar a pré-estréia de "Hamlet", no teatro Faap, em Higienópolis (região central de SP).
Lenise Pinheiro/Folha Imagem
Wagner Moura (foto) encena "Hamlet" no teatro Faap, em São Paulo; ator se irritou com fotógrafos durante pré-estréia, nesta sexta (20)
Wagner Moura (foto) encena "Hamlet" no teatro Faap, em São Paulo; ator se irritou com fotógrafos durante pré-estréia, nesta sexta (20)

O evento reuniu famosos como o cineasta Fernando Meirelles, a jornalista Marília Gabriela e as atrizes Denise Fraga, Marília Pêra, Gabriela Duarte, Luana Piovani, Zezé Polessa e Emanuelle Araújo.

Após a peça, durante coquetel realizado no saguão do teatro, os fotógrafos pediram a Moura que ele posasse para fotos. O ator aparentava não notar os apelos.

Não foi permitido que os fotógrafos assistissem ao espetáculo e, por causa disso, muitos tiveram dificuldade em descobrir quem, entre os presentes, havia atuado na montagem. Um dos fotógrafos chegou a perguntar a Moura quem era um dos atores ali presentes. O ator se irritou: "Mas vocês não sabem de nada, não?".

Uma outra fotógrafa insistiu na pergunta. "Você é muito chata", respondeu Moura, virando-se a ela.

Coube a outro ator do elenco de "Hamlet", Caio Junqueira --também de "Tropa de Elite"--, identificar quem era quem aos fotógrafos.

"Hamlet" tem direção de Aderbal Freire-Filho e, no elenco, traz ainda Tonico Pereira. A peça estréia neste sábado.

Quatro dias antes do espetáculo, a assessoria do ator informou à Folha Online que ele não poderia dar entrevistas porque estava em "período de concentração" para o personagem.

sábado, 21 de junho de 2008

Em "Hamlet", peça que estréia nesta sexta (20) em São Paulo, Wagner Moura vai subir aos palcos para viver um dos maiores personagens do teatro. Mas o que há de comum entre o capitão Nascimento, a figura central do filme "Tropa de elite", e Hamlet, um dos maiores personagens de Shakespeare?

O que eles têm em comum é a dúvida sobre si mesmos, a angústia e um ator brasileiro, Wagner Moura, que da podridão do morro vai agora à podridão do reino da Dinamarca.

Wagner Moura saiu da favela e entrou no palácio para viver outro personagem atormentado: Hamlet, o príncipe da Dinamarca, que recebe do fantasma do pai a missão de vingar seu assassinato.

"Hamlet passa longe de ser esse príncipe monolítico, triste. Ele é também isso, mas é muito mais. Porque é uma peça e um personagem maiores do que a maioria de nós", diz o ator.

Escrita por William Shakespeare por volta de 1600, Hamlet é uma das grandes tragédias do teatro ocidental. Ganhou versões famosas. Em 1948, Sir Laurence Olivier levou-a às telas e fez, do alto de um penhasco, a célebre pergunta que expressa toda a angústia do personagem: "To be or not to be. That is the question.". Ser ou não ser. Esta é a questão.

Hamlet é o maior personagem da história do teatro. Talvez só ele tenha a força para deixar em segundo plano o capitão Nascimento.

Depois de viver o protagonista de "Tropa de Elite", Wagner Moura encarou o texto de Shakespeare com reverência.

"O Shakespeare é incrível, ele conseguiu ser um cânone literário e o maior homem de teatro do mundo. Termina sendo uma espécie de fetiche dos atores", comenta Wagner Moura.

Não importa a época e nem o país, encenar a peça mais conhecida de Shakespeare é quase sempre o grande sonho e ao mesmo tempo uma prova de fogo para qualquer ator. O desafio é ainda maior se além de atuar, o elenco também tiver que manusear uma câmera de vídeo, como nesta peça.

Os atores em cena registram os próprios movimentos, exibidos em um telão. Lá e no palco, um Hamlet diferente, um dinamarquês meio à baiana.

"O Hamlet é debochado, o personagem é um personagem debochado. E o brasileiro também. E eu como um brasileiro debochado, terminei fazendo um Hamlet também debochado", brinca.

De uma coisa Wagner Moura tem certeza: Hamlet e Shakespeare sempre foram maiores do que todos os seus encenadores.

"Talvez por isso essa peça esteja viva até hoje, e provavelmente estará viva daqui a 500 anos. Vai enterrar nós todos. Nós vamos morrer e os nossos tataranetos continuarão assistindo 'Hamlet'", conclui.

 "Hamlet"

De 20/6 a 28/9 - Sextas e sábados, às 20h; domingos, às 18h.

Teatro Faap (Rua Alagoas, 903, Consolação), São Paulo.

Tel. (11) 3662-7233 ou (11) 3662-7234.

Ingressos: R$ 80. 


"Sai um Big Mac, uma batata média e um punhado de Hamlets!" O "cliente" a fazer o pedido imaginário bem poderia ser Aderbal Freire-Filho, diretor da montagem do clássico shakespeariano que estréia em São Paulo amanhã, para quem "deveria haver tantas encenações de "Hamlet" quanto lojas de McDonald's".
Lenise Pinheiro/Folha Imagem
O ator WagnerMoura ensaia para viver o príncipe dinamarquês
Ator Wagner Moura ensaia para viver o príncipe dinamarquês em São Paulo

De que valeria espalhar franquias da tragédia? "Para entender um pouco melhor a vida, a nossa natureza, os monstros que temos. Hamlet é um mutante: sucede ao homem instintivo e precede o racional. Reflete o homem da Renascença, que estava querendo equilibrar emoção e razão", explica ele.

Para encarnar o príncipe dinamarquês tomado por impulsos de vingança após a morte do pai e a coroação subseqüente do tio (Cláudio, interpretado por Tonico Pereira), Aderbal tem em mãos Wagner Moura, também produtor e co-autor da tradução (com o diretor e Barbara Harrington): "Sabia desde "Dilúvio em Tempos de Seca" [primeira parceria teatral dos dois, em 2004] que ele teria a generosidade de se atirar no abismo de um personagem como Hamlet. Wagner tem essa extraordinária combinação de inteligência e emoção. Consegue ser inteligente sem deixar de ser carnal."

Em entrevista à Folha em março passado, ele dissera querer mostrar a peça "como se fosse pela primeira vez". Agora, destrincha seu método: "Não vou conseguir fazer uma lavagem cerebral nas pessoas. Só quero que não vejam frases como "ser ou não ser" gravadas numa placa de bronze. Quero partir de situações, personagens e ações para que as palavras nasçam como conseqüência. Assim, elas serão novas".

Tradução sem "tributo"

Com cenografia econômica e figurinos despojados, a montagem de Aderbal pretende ir direto ao ponto -traço que também define a tradução. "Não pagamos tributo às capas de tradução postas ao longo do tempo. Não quisemos deixar nada de que não tivéssemos um entendimento perfeito, mas tampouco coloquializamos a linguagem de Shakespeare. Ela é poética sem ser rebuscada", afirma ele.

Em cena, Wagner Moura estará ladeado por dois atores com quem contracenou em "Tropa de Elite". Fábio Lago, o Baiano da fita policial, aqui vive Laertes, filho de Polônio (conselheiro do rei Claúdio). Já Caio Junqueira, o Neto do cinema, agora encarna Horácio, melhor amigo do protagonista. Lago, conterrâneo de Moura, diz que o colega o chamou para fazer a peça no meio de uma pelada "dos baianos contra o time do [ator] Pedro Cardoso".

"O Laertes seria um playboy da época: veste-se bem, gosta de um requinte. É um cara reto, íntegro, mas cai na lábia do rei Cláudio [que o convence a matar Hamlet num duelo de espadas]. Nunca fiz um personagem tão complexo no teatro", diz.

O convite a Junqueira foi feito em circunstâncias mais formais, num avião, à época do lançamento de "Tropa".

"Tradicionalmente, o Horácio serve de platéia a Hamlet, é coadjuvante. A nossa idéia foi trazer mais calor, vivacidade a ele. Agora, é o documentarista, o cronista da peça. Vai registrar as cenas com uma câmera, e as imagens serão projetadas num telão [no fundo do palco]. Isso faz com que interaja mais com a ação: é ele quem levará a história de Hamlet ao mundo", define o ator.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Wagner Moura
A assessoria do ator Wagner Moura (Tropa de Elite) desmentiu os boatos de que ele interpretaria o cantor Belo nas telonas.

Em comunicado ao site Ego, a assessoria afirmou que a proposta foi feita, mas Moura está muito envolvido na estréia da peça Hamlet e com o lançamento de Romance, em agosto.

Na entrevista que deu ao jornal carioca O Dia, do Rio de Janeiro, Belo afirmou que gostaria que Wagner Moura o interpretasse no filme baseado no livro autobiográfico que está escrevendo.

O cantor ainda declarou que não pretende deixar nada de sua vida fora das produções, desde os problemas com a Justiça até o fim conturbado de seu casamento com a modelo Viviane Araújo.

terça-feira, 10 de junho de 2008





Agora, sim, o tempo fechou. A Rede TV!, que em muitos dos seus programas, vive dos "globais", se depender deles vai ficar sem atração. A turma estrelada decidiu fazer um boicote de silêncio a todos os programas da emissora e, principalmente, ao Pânico na TV, que tem em seu cast a ex-BBB e aspirante a humorista Sabrina Sato (foto). O movimento foi desencadeado depois de um episódio de mau gosto e extremo desrespeito envolvendo participantes do Pânico e o ator Wagner Moura (foto). Em maio, na saída da premiação da APCA, em São Paulo, Wagner levou uma "meleca" na cabeça, como parte da "brincadeira" dos integrantes do polêmico programa. Em artigo em um jornal, o ator escreveu que foi abordado por um falso repórter que pediu uma entrevista para seu programa de TV do interior. "Ele me perguntou uma ou duas bobagens, e eu respondi, quando de repente, apareceu outro apresentador do programa com a mão melecada de gel, passou na minha cabeça e ficou olhando para a câmera rindo. Foi surreal", contou.

Não foi e não gostou

Felipe Lessa/Divulgação

Do seu lado, Thiago Rodrigues (foto), que vive o Cassiano em A favorita, está na bronca é com Leão Lobo, que apresenta um quadro sobre celebridades no programa Atualíssima, da Band, ao lado de Rosana Hermann. O ator comentou em seu blog uma nota divulgada pelo jornalista, em seu portal, de que ele seria boicotado pela imprensa, na segunda-feira, data de estréia de A favorita, quando o elenco se reuniu para assistir ao primeiro capítulo. "Mas ele não deu as caras. Só que mesmo que ele aparecesse por lá, nenhum fotógrafo ou jornalista iria querer papo com o galã. A imprensa carioca ainda está chateada pela postura do namorado de Cristiane Dias em tratar mal os jornalistas e paparazzi meses atrás, quando ele estava fora do ar". Thiago, que estava na Bahia gravando cenas da novela, afirmou que "essa nota não serve pra nada, é uma nota de 3 Reais!"

Solidários no boicote

Prontamente se solidarizaram com Wagner Moura – e decidiram dar um "basta" – os atores e colegas de emissora Carolina Dieckmann (vítima da trupe que levou o caso à Justiça, estando os humoristas impedidos de se aproximarem dela), Christine Fernandes (foto) José de Abreu, Deborah Secco, Juliana Paes, André Marques, além de novelistas e pessoal da produção. Em pedido formal à emissora, eles querem que seja concedido proteção contra equipes da Rede TV! em todos os eventos em que globais marquem presença no Rio de Janeiro e em São Paulo. Christine Fernandes, em seu blog, se diz "escandalizada com o nível pífio de entretenimento a que chegamos."

De gosto duvidoso

Rede TV!/Divulgação

Wagner Moura ficou na mira de Fábio Rabin e Daniel Zukerman (foto), que interpretam Silveira e Silveirinha, no quadro Na madruga, em que abordam famosos dizendo trabalhar no canal comunitário de Campinas. "O que vai na cabeça de um sujeito que tem como profissão jogar meleca (na cabeça) dos outros? É a espetacularização da babaquice", indignou-se Moura, que confessou não ter, por pouco, "enfiado a porrada no garoto", como aliás já fizeram outros artistas, caso de Vítor Fasano e o pagodeiro Netinho de Paula, abordados por Rodrigo Scarpa, que faz o Repórter Vesgo. Eles agrediram a socos o humorista, em, respectivamente, 2004 e 2005, depois de piadinhas de duplo sentido proferidas por Rodrigo. Portanto, não é de hoje que o humor – rasteiro, escatológico e desrespeitoso – da atração incomoda muita gente. Esta semana, Luana Piovani e Dado Dolabella venceram ação contra o Pânico na TV e a Rede TV! terá que desembolsar R$200 mil para pagar a indenização por danos morais.

Silêncio dos descontentes

Maria Tereza Correia/EM

O boicote do silêncio, que deve atrair artistas de outras emissoras igualmente incomodados com o achincalhe produzido pelos humoristas do Pânico na TV, como Preta Gil (foto), que também já foi à Justiça contra o programa por conta de piadinhas sobre a sua forma física, e Mateus Carrieri, entre outros, será colocado em prática assim que uma equipe da Rede TV! for identificada pelo artista. Se o global não conseguir se desvencilhar dela, poderá até se deixar filmar, mas ficará calado, fingindo que não é com ele. O manifesto, que estaria circulando nos corredores da emissora carioca, diz: "Façam cara de 'paisagem', não respondam nada pra essa emissora boçal. Eles não vão mais ter ibope às custas de nossa imagem".

quarta-feira, 4 de junho de 2008


Divulgação
O ator duela com Fábio Lago em cena do espetáculo, que estréia no dia 20
Foto: divulgação

É difícil imaginar que depois de conquistar o Brasil e o exterior como o Capitão Nascimento, no filme Tropa de Elite, ou o público como o mau-caráter Olavo, na novela Paraíso Tropical, Wagner Moura ainda sinta um friozinho na barriga diante de um trabalho. Mas, após três anos longe dos palcos, o ator baiano de 31 anos não esconde um certo nervosismo para interpretar Hamlet na peça dirigida por Aderbal Freire-Filho, que estréia no dia 20, no Teatro Faap, em São Paulo. "William Shakespeare representa o que há de melhor. Ninguém sai incólume depois de passar por ele", assegura o ator.

A paixão pela história do príncipe atormentado que promete vingar a morte do pai é muito forte na vida de Wagner. Tanto que, além de viver o personagem de Shakespeare no palco, o ator se aventurou em outras searas: fez a produção executiva do espetáculo e ainda colaborou na tradução do texto, assinada por Aderbal. "Queríamos um Hamlet que comunicasse", explica. Wagner também opinou na escolha do elenco, que conta ainda com Georgiana Góes, Caio Junqueira, Tonico Pereira, entre outros. Apesar do texto, ninguém deve esperar um espetáculo moderninho, com cenário futurista ou figurino alternativo. "Hamlet não vai usar collant", diverte-se.

A montagem rende também um documentário, Além Hamlet, produzido por Sandra Delgado, mulher do ator. Entusiasmada com a primeira montagem do marido, Sandra registrou tudo e já vendeu 40 minutos da produção para o canal Multishow.

No segundo semestre, o ator também poderá ser visto nos cinemas. Em Romance, de Guel Arraes, Wagner vive um diretor que convida a ex-mulher, interpretada por Letícia Sabatella, para produzir Tristão e Isolda. Televisão, por enquanto, apenas no ano que vem. "Só quero pensar na peça", avisa. "Hamlet é como um cavalo selvagem que está correndo. Mas eu vou segurar com todas as forças".

A peça deve ficar em cartaz por aqui até outubro.


"Esse personagem vai mexer muito comigo"

Em entrevista a Época São Paulo, Wagner Moura fala de seu Hamlet
ÉPOCA SP - Há três anos você não faz teatro. Sua última peça, O Dilúvio, encerrou temporada em São Paulo. Agora, você escolheu a cidade para estrear Hamlet...

WAGNER MOURA - Mercadológica e artisticamente falando, é melhor estrear em São Paulo. O Dilúvio, por exemplo, não foi bem no Rio. Em São Paulo, foi uma ovação. Quando recebi o prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), disse que achava São Paulo o melhor lugar de crítica. É uma das cidades, talvez a única, em que o teatro ainda tem um lugar no circuito cultural. No Rio e em Salvador, que têm até uma tradição legal no assunto, ele está relegado a um lugar muito ruim. Ficamos em cartaz na cidade até outubro. Depois, estreamos em Salvador e, em 2009, no Rio. 

ESP - É a primeira vez que você interpreta uma peça de Shakespeare. Todo ator tem que passar por essa experiência?
WM - Não sei se tem que fazer. Mas Shakespeare representa o que há de maior. É o melhor expoente da época que tinha o melhor teatro, a saída da Idade Média que caminhava para o Renascentismo. Talvez Shakesperare não tenha paralelo na dramaturgia. E ninguém sai incólume depois de passar por ele.

ESP - E por que Hamlet?
WM -
Porque é uma peça que deixa tonto. É a mais contada, a mais falada da história. E a mais complexa. A primeira vez que li, era garoto, tinha 14, 15 anos, foi antes de começar a fazer teatro. Morava em Salvador, era um menino que gostava de ler e freqüentava feiras de livro. Comprei uma tradução muito ruim. Mesmo assim, fiquei impressionado. Depois, comecei a ler outras traduções, li o original, sempre achando que aquela era a coisa mais incrível que já tinha lido. 

ESP - Fazer um clássico depois de viver um papel tão marcante como o Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, foi uma forma de exorcizar o personagem do filme?
WM -
Minha vontade de fazer Hamlet não tem nada a ver com o Capitão Nascimento. Não tenho problema com o sucesso do personagem, acho um barato. Legal, popular, que as pessoas gostaram. Queria simplesmente fazer teatro. E, no meio disso, veio o Hamlet. É um momento muito importante na minha carreira. Sem dúvida, fazer esse personagem agora vai mexer muito comigo.

ESP - O que faz seu Hamlet diferente dos outros?
WM -
Acho que a novidade interessante é a tradução, que foi feita pelo Aderbal (Freire-Filho), por mim e pela Barbara Hamilton. E é muito significativa. Queríamos fazer um Hamlet que comunicasse, que emocionasse as pessoas. Que elas entendessem o drama do personagem e saíssem do teatro felizes. Não vai ser um espetáculo hermético, nem ter aquele inglês elizabetano transformado para o português arcaico. O barato vai ser falar o português que a gente fala hoje, como seres do século 21. Mas a peça não vai ser moderna. Não tem essa cara. Estamos numa floresta e o espectador acredita. São seres do século 21, mas ninguém vai aparecer de terno Armani. Hamlet não vai usar collant (risos). 

ESP - Hamlet é um ser atormentado. Personagens que vivem em conflito com eles mesmos são mais interessantes?
WM - Sem dúvida. Quanto mais complexo e mais contraditório, melhor. E Hamlet é muito profundo. Certamente o meu não será perfeito – até porque isso não existe. Cada ator traz um pouco de si para o personagem. Mas, às vezes, acho que não vou dar conta dele. É como um cavalo selvagem que está correndo. Mas eu vou segurar com todas as forças. 

ESP - Essa é sua estréia como produtor. Foi difícil?
WM -
Acho que tudo soprou muito a favor da gente. E foi tudo muito rápido. Em outubro, tivemos a idéia. Na semana seguinte, ligamos para o Aderbal, depois fomos para São Paulo. Conseguimos o patrocínio do Bradesco de imediato. Ficamos uma semana correndo atrás, fechamos o teatro e voltamos. Inscrevemos o projeto na Lei de Incentivos e começamos a ver o elenco. Sempre tive vontade de trabalhar com a Georgiana (Góes, que faz a Ofélia na peça), que é uma das primeiras amigas que tive aqui no Rio. Fico feliz em agora poder trabalhar com amigos. 

ESP - O espetáculo está rendendo também um documentário, Além Hamlet, dirigido por sua mulher, Sandra Delgado. Como isso começou?
WM -
Nem sei ao certo, mas foi idéia dela, que está acompanhando tudo desde o primeiro dia. Sempre achei que, se algum dia fosse mostrar o
rocesso de criação, só a Sandra poderia registrar. É como se a gente corresse nu na rua. Ela vai mostrar o início, o processo de criação, de construção da peça. Vai mostrar o mal-acabado. A idéia é exibir 40 minutos no Multishow e, depois, montar de outro jeito e lançar no cinema.